segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A casa azul (continuação)

(continuação...)

Um dia a Vida brincáva alegremente correndo à volta da casa azul. Enquanto o Sonho conversava com o seu amigo ouriço caixeiro, que invariavelmente se queixava do ruído das andorinhas e de como elas eram desarrumadas.

Quando à tardinha a D. Felicidade os chamou para lanchar, Sonho procurou a irmã, mas não a encontrou. "Pára de brincar às escondidas Vida que a mãe já chamou para o lanche!" Mas a Vida não ouvia o irmão, estava bem longe numa clareira onde flores brancas e amarelas dançavam com o vento. Ela dançava com elas e ria, sem se lembrar que era já tarde.

Já triste e preocupado Sonho procurou a mãe e contou-lhe que não encontráva a irmã. "Não andará longe!" reconfortou-o a D. Felicidade, pouco segura das suas palavras. "Vamos procurá-la os dois!"

O Sol passou pela porta da casa azul, como fazia todos os dias a caminho do seu descanso, mas não encontrou ninguém a quem dizer "Boa Noite!". Na clareira Vida começava a sentir-se cansada e com fome e achou que eram horas de voltar para casa. Mas estava a ficar escuro e não tinha a certeza de qual o caminho a tomar para voltar.

Já tinha nascido a Lua quando o Sr. Amor chegou a casa. Não viu a mulher nem as crianças mas pensou que fosse um jogo, como os muitos que costumavam fazer, e procurou atrás da mesa e das cadeiras, silenciosamente. Atrás dos cortinados e debaixo das camas, sempre à espera que saltasse alguém a rir bem alto!

D. Felicidade olhou para o Sonho já cansado e pensou que seria melhor voltar a casa e buscar uma lanterna para achar a filha. Voltava para casa quando encontrou o ouriço que, ao saber que Vida se tinha perdido, se prontificou a ajudar. "Eu encontro-a num instante, sei onde ela gosta de ir passear, de certeza andará lá por perto."

Vida não conseguia achar o caminho de volta para casa, chorava baixinho com algum frio e fome. Porque se tinha ela afastado e estado ausente durante tanto tempo? Subitamente ouviu um ruído na erva alta perto de uma árvore. Cheia de medo escondeu-se atrás de uma moita. "Vida?" Chamava uma voz aguda, "Estás aí?" Reconheceu a voz, era o ouriço. "Sim Sr. Ouriço, estou aqui! Perdi-me e não encontro o caminho de volta para casa, tenho saudades do meu irmão e dos meus pais!" "Vem comigo" disse o ouriço, sorrindo. "Chegaremos num instante a tua casa e poderás comer e aquecer-te!"

Ao chegar a casa, Vida viu o seu pai que se preparáva para ir procurá-la com uma lanterna e uma manta. Abraçou-o de imediato pedindo mil desculpas. Todos se abraçaram e se congratularam por estarem novamente juntos.

E assim foi nessa noite que a Vida aprendeu que, por vezes, sem nos apercebermos nos afastamos do Sonho, da Felicidade e do Amor. Mas não devemos esquecer que os amigos, os verdadeiros amigos, sabem sempre levar-nos de volta a casa para junto deles!

por Raquel Henriques
pOOka @ PortalJunior

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segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O Menino-Lua

O Menino-Lua

Era uma vez há muitos anos, quando eu ainda era criança e tinha olhos e ouvidos de criança, encontrei certa noite perdido o Menino-Lua! Tinha entrado pela janela do meu quarto, de olhos cinzentos e cabelo cor-de-prata, estava com frio e assustado.

"Quem és tu?" Perguntei-lhe, não menos assustada. "Que fazes aqui? Vai-te embora ou eu chamo o meu pai!" E o menino chorava, baixinho. "Perdi-me! Vou todas as noites tomar banho ao mar, e falar com as minhas amigas estrelas. As estrelas do mar, porque as outras não gostam de mim, dizem-me que não as deixo brilhar, que as apago! Não querem estar perto de mim..." E soluçava "Mas, hoje não encontrei o mar, nem as estrelas minhas amigas, nem os peixes!"

"O mar é aqui perto menino, não tenhas medo!" Disse-lhe. "Eu ensino-te o caminho, se me levares contigo a falar com as estrelas e os peixes! Mas não podemos fazer barulho senão acordamos os meus pais, está bem?"

Limpando as lágrimas de prata o menino respondeu-me "Mas tu és uma criança, filha dos homens! Não falas a língua das estrelas do mar, nem a dos peixes! Não sabes voar nos raios de lua! Não te posso levar comigo, desculpa!"

"Tens razão, não sei nada disso" Respondi. "Mas porque não me ensinas tu todas essas coisas? Em troca ensino-te como chegar ao mar. Conheço bem o caminho, vou lá de dia com os meus pais, e tomamos banho nas ondas e brincamos com a areia da praia!"

"Para que queres saber tudo isso, se amanhã de manhã não te irás lembrar nem de uma palavra? Perderíamos tempo e não te serviria de nada!" E deixando cair tristemente a sua cabeça de prata acrescentou: "Os filhos dos homens tem a memória curta, não dura mais do que umas horas, o Sol fá-los esquecer a luz da Lua e apaga-lhes dos olhos os sonhos que a noite lhes traz!"

"Antes de conhecer as estrelas do mar, costumava visitar uma menina de cabelos dourados, como os teus, e olhos verdes da cor da relva ao Sol! Brincávamos e ríamos muito os dois! Ensinei-a a voar nos raios de luar e jogavamos às escondidas nas nuvens!"

"Vês!" Interrompi. "Afinal sempre podemos brincar os dois como brincávas com essa menina! Vamos, ensina-me a voar nos raios de luar e vamos brincar na praia os dois!"

"Mas... tu não percebes! A menina eras tu! Todas as noites que brincámos: esqueceste-as! Sempre que te vinha ver tinha de ensinar-te tudo novamente! Nunca te lembrávas de mim! Por mais que prometesses que na noite seguinte seria diferente, era sempre igual. Quando eu chegáva assustávas-te, depois vias-me triste e querias ajudar-me! E eu contava-te os segredos da Lua e ensinava-te a apanhar os raios de luar..."

"Oh, desculpa-me!" Respondi, aproximando-me dele. Percebi a tristeza nos seus olhos, chorei também por não me lembrar, por nunca me ter lembrado. "Não fiz de propósito, não tenho culpa de me esquecer... Porque não me ensinas esta noite também? Podíamos brincar como das outras vezes!"

"Hoje não tenho vontade de brincar!" Disse o Menino-Lua. "Sei que não tens culpa, mas sei também que o dia virá em que não só não te lembrarás de mim como não me verás quando entrar no teu quarto! Não ouvirás a minha voz nem poderás aprender a brincar comigo! Não quero cá vir nesse dia, por isso não vou voltar. Prefiro conversar com as estrelas do mar e os peixes, eles não podem voar comigo mas nunca se esquecem de mim."

Soluçando abracei-me ao Menino. "Não quero esquecer-me de ti! És meu amigo! Não quero deixar de ver os teus cabelos de prata e ouvir a tua voz a sussurar no meu ouvido!"

"Eu sei!" Respondeu o Menino-Lua "Mas nada o pode impedir. Não fiques triste, não vais lembrar-te de nada! Não vais sentir saudades minhas! E eu voltarei para o mar e brincarei com as estrelas e os peixes, e um dia virei ver-te quase ao raiar da manhã. Virei ver também outra menina a quem estarás a embalar e que, enquanto dormir nos teus braços, brincará comigo nas núvens e conversaremos os dois com os peixes e as estrelas do mar. Até que um dia ela não consiga mais ver-me e me deixe triste e perdido de novo!"

por Raquel Henriques
Xisbunhirgos

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A casa azul

A Casa Azul

No cimo de um monte verde, rodeada pelo cheiro das laranjeiras em flor e pelos sons das folhas das árvores a dançar ao vento havia uma linda casinha azul.

Tinha uma porta branca com uma janela, e uma maçaneta dourada que brilhava ao Sol quando, à tardinha, a grande estrela se ia deitar e por lá passava para dizer "Boa Noite!" Tinha duas janelas de cada lado da porta, com portadas de madeira branca que se abriam à noite deixando entrar o luar.

As telhas eram da cor das laranjas do pomar e cantavam ao som da chuva quando vinha a Primavera, felizes porque as núvens as tinham deixado limpinhas para que fizessem nos beirais seus ninhos as andorinhas!

Debaixo de um sobreiro ao lado da casa morava um ouriço caixeiro. Era tímido e gostava pouco das andorinhas barulhentas que esvoaçavam incessantemente em busca de alimento para os seus filhotes. Nos dias quentes de Verão o ouriço dormitava preguiçoso à sombra fresca da árvore e sonhava com ventos mais frescos e com o partir das andorinhas ruidosas!

Nas traseiras havia um poço de água fresca e um estendal com roupa branca a esvoaçar, meninos a jogar às escondidas entre os lençois e um canteiro de flores amarelas e brancas onde, por vezes, poisavam abelhas gulosas à procura de doce para o seu mel.

Lá dentro moravam a D. Felicidade, de longos cabelos aos caracóis e olhos castanhos doces. O seu marido, o Sr. Amor, que à noitinha tocava viola à lareira para fazer dançar o lume. E os meninos que dormiam em duas camas de madeira, uma verde e a outra branca. A verde era dum rapaz que se chamava Sonho e a branca de uma menina, chamada Vida. Eram gémeos, brincavam sempre em conjunto, nunca se separavam, até à noite sonhavam um com o outro.

por Raquel Henriques
Xisbunhirgos

sábado, 11 de agosto de 2007

As nossas férias!



Fomos a Miranda do Corvo, onde ficámos na Estalagem Quinta do Viso, que recomendo vivamente. A Vila é lindíssima, e fica bem perto de Conímbriga, Condeixa e Coimbra onde pudemos visitar o "Putugal dos Macaninos" Samuel dixit!

Depois dos passeios, das chanfanas (estufado de carne de cabra, nham nham!) e de banhocas na piscina onde o Samuel finalmente se habituou a estar sem receios e onde já começa a dar aos pézitos agarrado ainda é claro ás minhas mãos.

No caminho de volta ainda deu para passarmos por São Pedro de Moel a ver o mar e a praia.

Chegádos a casa, aprontámos novamente as toalhas e apetrechos de praia e raptámos a avó Lina para uma rapidinha até à Lagoa de Santo André.

No dia seguinte, e porque a praia se impunha novamente fomos para a linda serra da Arrábida. Para a praia de Galapos que embora seja muito porreira e me traga excelentes recordações de quando era míuda, é um sítio complicado para se ir com bebés de cólo. Infelizmente caí e fiz do-dói ao tentar encontrar um caminho (estupida e desnecessariamente, porque existem umas escadas bem mais faceis de transitar) pelo matagal da falésia para a praia. Ainda fomos à praia, descendo as bemditas escadas, mesmo com os meus joelhos esfolados, que eu não sou moça de desistir, mas isto ficou feio e lamento informar que, pelo menos no meu futuro mais imediato não constam agendamentos de novas idas até à praia.

Vejam aqui as restantes fotos das fabulosas férias de 2007, as nossas primeiras férias a 4!

Novo vídeo!

Juju na Lagoa de Sto. André

Segunda-feira acabam-se as férias... :( Depois só voltamos ao descanso em Outubro, para festejar o primeiro aniversário da caçulinha!

A bola é minha!

Juju na praia!