segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A casa azul

A Casa Azul

No cimo de um monte verde, rodeada pelo cheiro das laranjeiras em flor e pelos sons das folhas das árvores a dançar ao vento havia uma linda casinha azul.

Tinha uma porta branca com uma janela, e uma maçaneta dourada que brilhava ao Sol quando, à tardinha, a grande estrela se ia deitar e por lá passava para dizer "Boa Noite!" Tinha duas janelas de cada lado da porta, com portadas de madeira branca que se abriam à noite deixando entrar o luar.

As telhas eram da cor das laranjas do pomar e cantavam ao som da chuva quando vinha a Primavera, felizes porque as núvens as tinham deixado limpinhas para que fizessem nos beirais seus ninhos as andorinhas!

Debaixo de um sobreiro ao lado da casa morava um ouriço caixeiro. Era tímido e gostava pouco das andorinhas barulhentas que esvoaçavam incessantemente em busca de alimento para os seus filhotes. Nos dias quentes de Verão o ouriço dormitava preguiçoso à sombra fresca da árvore e sonhava com ventos mais frescos e com o partir das andorinhas ruidosas!

Nas traseiras havia um poço de água fresca e um estendal com roupa branca a esvoaçar, meninos a jogar às escondidas entre os lençois e um canteiro de flores amarelas e brancas onde, por vezes, poisavam abelhas gulosas à procura de doce para o seu mel.

Lá dentro moravam a D. Felicidade, de longos cabelos aos caracóis e olhos castanhos doces. O seu marido, o Sr. Amor, que à noitinha tocava viola à lareira para fazer dançar o lume. E os meninos que dormiam em duas camas de madeira, uma verde e a outra branca. A verde era dum rapaz que se chamava Sonho e a branca de uma menina, chamada Vida. Eram gémeos, brincavam sempre em conjunto, nunca se separavam, até à noite sonhavam um com o outro.

por Raquel Henriques
Xisbunhirgos

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